Por que Rickson se concentra no ensino de principiantes (parte 1)

Joe Rogan, o mais popular entrevistador americano da atualidade, certa vez perguntou a Rickson Gracie sobre uma suposta frustração sentida pelo mestre quando ele começou a dar aulas a americanos, que não levavam o jiu-jítsu a sério como ele. 

Acontece que Rickson sente exatamente o oposto. Nossa entrevista recente permitiu-lhe explicar melhor sua filosofia. Veja abaixo a primeira metade de sua resposta. 

"A ideia de praticar está em mim desde quando eu era muito jovem. E num determinado momento eu estava pensando unicamente em me tornar campeão, e depois que me tornei campeão, estava pensando em me manter campeão. Portanto, fazendo isso, nessa forma, eu estava focalizado em eficácia, em estar no topo da pirâmide e focalizado em aumentar meu conhecimento e ser eficaz a 100%. 

"Mas nunca parei de ensinar, e nunca parei de enxergar meus alunos como um serviço importante meu, pois sinto que meu jeito de receber... Posso receber as pessoas dizendo 'Você é foda', posso receber reconhecimento, posso receber amor, admiração, posso encher meu ego com tanta admiração e respeito... Mas se eu só puder receber, receber e não dar nada, vou explodir; vou sentir que meu ego é maior que eu. Logo, para meio que equilibrar esse amor e admiração que recebo, tenho de servir as pessoas, botando-as, do melhor jeito que eu possa, para se transformar e sentir o jiu-jítsu como eu sinto.

"E sempre amei ensinar jiu-jítsu aos mais fracos, a pessoas que não são exatamente durões e competidores, pois esses caras durões e competidores, eles vêm para aprender jiu-jítsu, mas eles já têm o que precisam; já são campeões em seus corações — só precisam de técnicas. Gosto de me envolver também com os caras que são muito tímidos, muito introvertidos, pessoas bem tímidas, ou fracas. Eles não se sentem fortes e poderosos; sentem-se fracos; sentem que precisam de algo. E essa paixão por educá-los, e a diferença que posso fazer em suas vidas, me deixam muito motivado a fazê-lo."