Rickson Gracie cresceu admirando seu irmão Rolls. Um episódio importante na evolução do irmão menor, mencionado em seu memorial, Respire, ocorreu devido ao desejo que Rickson tinha de se redimir depois de decepcionar a Rolls. Meio século depois, pudemos perguntar-lhe a respeito de sua memória daquele dia. Veja abaixo a segunda metade de sua resposta, e encontre aqui a primeira.
"A primeira coisa que fiz quando cheguei a casa: 'Quero me enrolar como uma panqueca num tapete neste tipo de ambiente — quente, 50 graus, úmido, no Brasil'. E simplesmente me enrolei; e felizmente, o mesmo sentimento claustrofóbico de estar preso e não ter fluxo de ar em meus pulmões, senti a mesma agonia; e então fechei meus olhos e comecei a pensar em gaivotas e brisa oceânica, e palmeiras oscilando com o vento... em voar como uma águia. E comecei a obter uma mente pacífica, e comecei a me acalmar, controlar minha mentalidade, pois senão eu morreria ali.
"Então eu disse, 'Vamos ter calma. Vamos ter tranquilidade. Vamos ter...'. E consegui transformar aquele tipo de sensação de pânico, aquele sentimento claustrofóbico, em algo que eu reconhecia com apenas uma mentalidade, uma mentalidade negativa. Porque eu não vou morrer se tiver controle da minha respiração. Portanto, isso foi uma transformação na minha conduta em relação ao pânico.
"Então eu mudei, não elaborando técnicas para as exigências físicas do meu problema; estava mirando minha mentalidade de estar preso e estar calmo, como um Houdini, aguardando o momento certo pra escapar dos cadeados e da caixa. Assim, fui capaz de tirar proveito daquele tipo de mentalidade de 'Estou aqui; estou preso; mas se eu continuar calmo, não vou morrer; ainda tenho ar vindo do tudo dentro do tapete; então apenas continue respirando, continue calmo'. E reconheci aquele tipo de sensação de fortalecimento que adquiri porque consegui me controlar numa situação muito incômoda. E esse foi meu primeiro passo pra ser curioso a respeito de respiração no futuro."
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