Já cobrimos extensamente a estreia de Rickson Gracie no vale-tudo. (Venha aqui caso precise entender o contexto.)
Agora viajamos vinte anos no futuro, para o ano 2000, quando Rickson fez sua última luta oficial, contra Masakatsu Funaki.
Em nossa recente entrevista grupal, Luca Atalla, um velho amigo, fez esta pergunta a Rickson: "Você teve a sorte de ter seu pai e irmão mais velho ali no seu córner contra o Zulu. Mas anos depois, algo aconteceu, e você não teve a mesma experiência, mesmo tendo o Royler e outros caras. Você perdeu a visão, e por acaso era sua última luta. Eu estava lá, mas ninguém no estádio sabia exatamente o problema que você estava tendo no momento, sem ver nada, e entregando seu destino à natureza. Podemos avançar um pouco e conectar os pontos do Zulu até esse ponto?".
Eis a parte 1 do relato de Rickson sobre sua luta às cegas contra um oponente perigosíssimo:
"Depois da luta com o Zulu, novamente, eu me alinhei para estar numa só direção, para estar me movendo para a frente — independente de quem vou enfrentar, vou acreditar até o fim; se eu morrer na missão, que seja; vou aceitar isso... Então eu estava cem por cento indo para a frente, fazendo exatamente o que tinha de fazer pra conquistar minhas lutas, minha vida.
"Portanto, minha mentalidade está pronta, meu físico está pronto, meu coração está bem... motivado. Então tudo estava no lugar, e continuo lutando, continuo treinando pesado, continuo vencendo, continuo com tudo indo bem.
"Na minha última luta, foi confirmação absoluta de tudo que eu podia conquistar como lutador, pois tomo um soco na cara no meio da luta; e o nervo óptico se desconectou de trás; então se você tem um olho socado, você interrompe a visão dos dois olhos, pois você simplesmente não consegue ver com os dois olhos.
"Então, eu recebo aquele soco, tenho uma fratura orbital no olho; então, quando começo a mover meu olho, não consegui olhar pra cima; só um olho moveu-se pra cima; o outro está parado, quebrado; há uma fratura, e o olho não conseguia mais se mover."
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