Era uma vez um faixa-preta de jiu-jítsu (sem nomes, sem nomes) respeitado entre os alunos e os companheiros de equipe que estava infeliz.
Desconfiado de que o problema era com a cidade onde morava, migrou do Rio de Janeiro para os Estados Unidos, onde abriu nova academia. Continuou insatisfeito e voltou a ensinar no Brasil, em outra cidade.
Mas sua mente rapidamente passou a planejar ir para a Europa, talvez Bali ou Havaí. Até que o professor finalmente se deu conta. O que ele amava mesmo era competir e treinar, não ficar entre quatro paredes o dia todo ensinando, turma após turma.
O primeiro passo para saber de que um professor é feito, portanto, é uma auto-análise sincera e o autoconhecimento para a pessoa perceber o que ela quer para si. A chama de transmitir conhecimento e a vontade de mudar a vida das pessoas está no interior de cada um, e não em outro lugar.
Como ensina Rickson Gracie, “minha meta hoje é trabalhar para o jiu-jítsu, restaurar nossa cultura e servir um número maior de pessoas, transmitindo um jiu-jítsu acessível e enriquecedor, que capacite as pessoas a resolver problemas com eficiência dentro e fora do tatame. Quero repassar os fundamentos para qualquer um poder aprender a respirar sob pressão, a ter paciência quando necessário, a aproveitar uma oportunidade para finalizar de forma justa, a usar a alavanca do corpo, a conhecer a força que temos sem o uso da musculatura, o tempo certo das posições… Minha missão é disponibilizar os detalhes técnicos para os praticantes aprenderem a viver e treinar mais equilibrados, mais fortes, com mais capacidade de controle sob pressão”.
Se você deseja ser um mestre assim, há modos básicos de aprimorar a didática. Se você é faixa-roxa ou marrom e pensa em dar aulas no futuro, apresente-se para auxiliar seu professor, em aulas em grupo. Ofereça seus préstimos para ajudar em aulas particulares. Participe de seminários, como aluno ou auxiliar. Tudo isso vai aos poucos moldar sua didática, além de contribuir para sua qualidade técnica.
No fim das contas, o professor competente é o que inspira, salva, e muda as pessoas. Como diz o mestre Rickson Gracie: “O aluno mais fraco da academia é o que mais precisa de ajuda, e o que vai render a maior recompensa quando você conseguir ajudá-lo a alterar sua vida.”
Seja como for, o que se sabe hoje é que qualidade de ensino não depende de turmas grandes ou pequenas, academias luxuosas, elegantes ou bem equipadas. O que importa, na questão do aprendizado, é a qualidade do professor. É por isso que vemos campeões mundiais de jiu-jítsu formados em lugares tão diferentes.
No fim, como ensina o escritor Arnaldo Niskier, “bons professores definem objetivos claros, aplicam padrões altos de comportamento e administram o tempo da aula com sabedoria”.
Comentários
Assisti Mestre Rickson algumas vezes em campeonatos e, pelas ruas no Rio, porém, uma das vezes surfando no canto esquerdo da Prainha, quando olho ao meu lado direito estava ele, éramos só nós dois no pico, eu o cumprimentei, ele acenou positivamente com a cabeça, eu peguei a primeira inda da série e, ele respeitosamente remou para a onda de trás.
Ele é uma pessoa diferenciada. Saudações.
👏👏👏
Ooss 🙏