E se vivêssemos num mundo ideal em que toda pessoa que pudesse beneficiar-se do aprendizado do jiu-jítsu o aprendesse de fato? Tivemos a oportunidade de conversar com Rickson em dezembro passado, e parece que ele vem pensando intensamente a respeito, desde muitos anos. Leia abaixo a primeira parte de sua resposta sobre o conceito do jiu-jítsu como "arte de conquista".
"Artes marciais são algo com que estamos todos envolvidos. E artes marciais são a arte de guerra, batalha, confronto, vencer, perder, exércitos, munição, resistência. Portanto, quando estamos falando de guerra, estamos falando de destruir seu oponente, estamos falando de lutar, estamos falando de estratégias de guerra; e tudo isto é completamente aceitável para qualquer sujeito competitivo, qualquer sujeito durão, qualquer guerreiro, qualquer soldado. Ele consegue entender isso completamente.
"Mas para uma pessoa média, talvez 60% ou mais, ela não tem este tipo de competitividade, não tem este tipo de desejo por batalha, por destruir o oponente, por competir. Ela vive numa mentalidade diferente: às vezes está na arte, às vezes no Direito, às vezes está em relacionamentos ou diferentes questões de um professor ou artista... Logo, é irrelevante para ela pensar 'A quem vou derrotar' ou 'Há alguém vindo pra me derrotar?', portanto esses são fatos que não estão exatamente envolvidos em sua vida e não lhe tomam muita atenção. Isso quer dizer: se você tentar apresentar artes marciais a alguém, ele pode amá-las porque elas contêm algo que gosta de fazer, pra competir etc.; ou talvez ele diga, 'Quer saber? É interessante, mas não é pra mim. Não tenho interesse em ser lutador; sou artista, sou amante' — o que for.
"Mas se você troca as palavras 'artes marciais' por 'artes de conquista', toda pessoa no mundo tem algo para conquistar. Às vezes você quer conquistar felicidade, às vezes quer conquistar relacionamentos, às vezes quer conquistar um carro, às vezes quer conquistar um novo emprego, e por aí vai. Em termos de felicidade, você precisa conquistar algo para ser feliz, e esse nível de felicidade não vai ficar pra sempre, pois se você compra um carro hoje, você deve ficar muito feliz a respeito; Mas daqui a dez anos, o carro está velho; a felicidade de quando você comprou o carro não é a mesma que você tem hoje. Aí você precisa ou de outro carro, ou precisa duma nova casa, ou precisa dum novo... Logo, você sempre precisa de algo pra conquistar, pra estar buscando a felicidade, e conquista, e foco, e motivação. Portanto, se você muda o nome de 'artes marciais' para 'artes de conquista', quem é, neste mundo, que não tem interesse em aprender sobre, 'Que devo fazer para conquistar algo?'. Pois todos temos desafios a conquistar."
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