A III Copa Company, realizada em 1986, teve uma luta considerada incrível por muitos fãs de jiu-jítsu da época. A luta não só foi a colisão de dois lutadores excelentes, mas também representou uma ruptura de tradição. Numa entrevista recente com Rickson Gracie, Luca Atalla fez esta pergunta:
"Houve essa luta contra Rigan Machado, que é seu primo. Você foi muito importante para o conhecimento de Jean Jacques Machado, irmão dele. Muita gente não sabe, mas durante sua carreira como lutador, você sempre estava lecionando — lecionando em dias de semana e lutando nos fins de semana. E, até onde eu sei, você convidou o Jean Jacques para acompanhar suas aulas; você dava uma aula particular e treinava um pouco com o Jean Jacques entre as aulas, e foi assim por um tempo. Estou interessado em saber quão traumatizado você ficou por ver o Carlos Gracie Jr. botar o Rigan contra você, e como foi que isso te afetou a respeito de ensinar outros membros da família depois daquilo."
Eis a primeira parte da resposta de Rickson:
"Sim, num ponto... Eu vinha sempre ensinando e treinando, ensinando e treinando... E então o Jean Jacques me abordou e queria treinar comigo, e foi meu prazer. E por um longo período, eu começava minha aula às sete da manhã, minha primeira aula particular, e quando eu chegava à academia, o Jean Jacques já estava sentado no meio-fio esperando por mim. Então ele é muito disciplinado, muito... Além de ser um cavalheiro, um sujeito terno, um guerreiro duríssimo, ele é um cara muito especial em termos de foco e busca por aprendizagem, portanto tenho muito respeito e admiração pelo Jean Jacques.
"E ele vinha de bons resultados, pois estava praticando sempre na Barra Gracie. E com a faixa roxa, nós começamos a treinar; e antes que obtivesse a faixa marrom, ele já estava finalizando quase todos os faixas-pretas na Gracie Barra. Então as pessoas começaram a dizer 'Uau! Que foi que você fez?', e ele vinha meio que treinando comigo, e vindo a mim todo feliz, e melhorando mais e mais, e começou a derrotar geral. Em suma, eu tenho muito orgulho dele.
"E também, às vezes eu treinava com Jean, com Rigan, com Carlos Machado — os irmãos. Enfim, eles estavam todos treinando um pouco, mas não tanto quanto o Jean Jacques. E o Rigan era um irmão maior, era o peso pesado da família Machado, competidor duríssimo com um bom nível de habilidades; e ele começou a virar o competidor a ser batido no jiu-jítsu. Mas eu já estava tradicionalmente vencendo todos os torneios na minha divisão de peso e no absoluto.
"E um torneio especial, que era patrocinado pela Company — que é uma marca que começou a patrocinar eventos esportivos brasileiros, e era um patrocinador de muito respeito —, acontece esse torneio, e então o Carlos Gracie Jr., como presidente da federação, vem a mim e me diz que preciso lutar com o Rigan, o que é completamente alheio à nossa mentalidade."
Comentários
And that is why I am so incredibly proud to be a black belt under Jean Jacques. His admiration and respect for his Master Rickson Gracie is incredibly inspiring. Wonderful story!