Em priscas eras em que o Jiu-Jitsu ainda lutava por seu espaço, o jornalista brasileiro José Inácio Werneck publicou um artigo, em 1965, com este título curioso e chamativo: “Abel morreu por não saber defesa pessoal”.
Difícil saber se Caim teria conseguido acertar aquela pedrada em Abel caso o irmão fosse um faixa-preta, mas é certo que a vítima do primeiro grande crime da Bíblia estaria mais preparada para sair ilesa do ataque do irmão.
Dos tempos de Caim e Abel para cá, muita coisa mudou nesse nosso paraíso, e provavelmente o amigo leitor não tem, entre seus medos, o de ser emboscado numa floresta. Mas por que então o treininho de defesa pessoal continua a ser tão útil, inclusive para praticantes que não trabalham em forças de segurança ou ofícios similares?
Mais uma vez, o mestre Rickson Gracie nos ensina que o estudo do Jiu-Jitsu diante de agressões ou mesmo de armas, é muito mais benéfico para a mente do que para salvar a pele.
“Uma situação de confronto contra um agressor, ou uma pessoa armada, é o pior dos cenários na vida de qualquer um, e não é algo que você deve esperar que um dia ocorra”, comenta o Gracie. “Ainda assim, há benefícios inestimáveis em adotar este treinamento constante. Afinal, aprender a dominar uma pessoa armada, ou capacitar-se a desarmar alguém, vai amplificar seu conhecimento sobre pegadas, tempo de reação, precisão e ajustes dos movimentos. Quem treina defesa pessoal se torna um artista marcial com a visão muito mais ampla e a bagagem técnica muito mais completa. E, em caso de um imprevisto terrível, você terá mais experiência para sair ileso.”
Segurança, experiência, instinto, por sinal, estão muito mais conectados do que pensamos. É o que ensinava outro sábio mestre, no caso a escritora Agatha Christie. Há um caso de seu detetive, Hercule Poirot, em que nenhum crime aconteceu (ainda), e só o que existe é uma carta vaga, sem assinatura, que ninguém da polícia leva a sério. Tendo-lhe perguntado seu fiel escudeiro se seu receio vinha somente do mais puro “instinto pessoal”, o investigador belga então esclarece:
“Instinto, não, Hastings. É uma palavra mal escolhida. É meu conhecimento — minha experiência — que me diz haver algo errado a respeito daquela carta...”
Treine seus instintos, acumule experiência, e viva mais seguro.
Comentários
Abel was most likely struck from behind. It would seem like Abel would have been naive and trusting as well to think that his brother would never had hit him from behind. I guest the statement made by Jesus, "who is my brother..." would apply as well??? Regardless, of being a black belt or not. A blow to the back of the head is fatal to anyone who lets down their guard. I think most black belts in JJ are not naive in the thought of letting down their guard but so are many martial artist and people in security or military.
So to develop the instinct to intuit danger.