Em 6 de junho de 1982, a tribo do Jiu-Jitsu e a família Gracie perdiam um de seus mais valorosos representantes, o ídolo Rolls Gracie.
Quarenta anos depois de sua inesperada partida, durante um voo de asa delta na região de Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, algumas lições e ensinamentos de Rolls ainda são lembrados e cultuados nas escolas e academias.
Filho do mestre Carlos, e criado e treinado pelo mestre Helio, Rolls cresceu na ebulição dos anos 1960. Estava no auge de seu ímpeto na época do “poder ulatrajovem”, como escreveu o imenso poeta Carlos Drummond de Andrade, por sinal vizinho de Rolls ali no bairro de Copacabana.
É uma diferença e tanto se o compararmos aos ídolos Gracie que o criaram, que cresceram em meio a gerações de costumes mais conservadores, num tempo em que a palavra “adolescência” ainda era um conceito pouco aplicado.
Rolls se permitiu entrar em contato com o mundo que se transformava lá fora. Respeitou o melhor das tradições de sua família e da arte marcial que representava, porém, soube absorver as virtudes da modernidade e as retransmitiu, influenciando a todos. Inclusive seu talentoso irmão de criação, Rickson.
Por mais que essa adaptação aos novos tempos pareça ser um movimento natural e lógico, não é bem assim que funciona para todo mundo. Pelo contrário. Não são poucos os que criam resistências intransponíveis a novidades, os que se fecham a experimentos, enfim, os que “param no tempo”.
Rolls tinha mente aberta, e esse foi seu grande legado. Foi graças a sua cabeça visionária que ele foi capaz de modernizar os treinos de Jiu-Jitsu. Mas como, exatamente? Rolls Gracie estimulou campeonatos em formatos diferentes, puxou os primos em competições e, já na década de 1970, passou a filmar as competições para estudar os combates com os alunos na academia.
Em tempos em que o caratê ganhava os cinemas, Rolls liderou desafios esportivos contra os professores mais renomados daquela modalidade no Rio de Janeiro, divulgando amplamente a superioridade das técnicas de chão. Ao mesmo tempo, não fechou os olhos para as lutas milenares famosas em outros países, como a luta greco-romana e o wrestling praticado nos Estados Unidos: ele praticou outras modalidades de luta, competiu com os primos em torneios de luta olímpica para se testarem e ainda associou o Jiu-Jitsu a esportes radicais, numa época em que o surfe e o skate não tinham o mesmo apelo de hoje, e mal podiam sonhar com as Olimpíadas.
Com isso, Rolls se comunicou melhor com o mundo ao redor, trazendo o Jiu-Jitsu ancestral para a realidade dos jovens. Tudo isso sem ferir os princípios e tradições do Jiu-Jitsu, ao mesmo tempo dando asas à liberdade de menino que pulsava dentro de si. Em vez de simplesmente repetir o que os precursores faziam, Rolls renovou. E por isso será sempre lembrado, 40 ou 400 anos depois.
Comentários
Nice post. I was curious what Roll's contributions where [tournaments, sport factors, studying video] sound very important ones. Curious how, besides the emphasis of techniques done by the Gracie's, how has the curriculum adapted, and at which point the drilling and sparring methodology was developed - as someone that has practiced other traditional martial arts, there's more emphasis on perfection of techniques in simulated fashion, like in Karate or Aikido, than sparring.