Preguiça, obesidade e jiu-jítsu

“Pessoas gordas são preguiçosas, não são?”

Acostumada a dar palestras sobre obesidade e controle de peso por diversos países do planeta, a cientista Cecilia Lindgren cansou de ouvir espectadores na plateia questionarem a força de vontade das pessoas gordas.

Para a geneticista sueca, especialista em metabolismo e obesidade na Universidade de Oxford, a preguiça está longe de ser a razão pela qual os seres humanos estão cada vez mais pesados. “Há um equívoco de que são pessoas que apenas se sentam e se empanturram”, ensinou Cecilia Lindgren, em entrevista ao jornal “El País”. “Sempre há fotos de pessoas muito gordas comendo cinco hambúrgueres nas lanchonetes, mas a verdade é que basta comer um excesso de cem calorias por dia para ganhar cerca de 4,5 quilos por ano. Não parece muito, mas se você fizer isso por alguns anos, de repente estará em uma condição de obesidade.”

De acordo com a especialista, há genes que causam predisposição a engordar, ligados à falta de saciedade e a uma fome constante. O principal, portanto, é estar atento não apenas ao que você está comendo, mas quando você está comendo.

“Alimentos ingeridos na quantidade certa e na hora certa não são perigosos”, opina Lindgren. “Se você puser 500 calorias de banana num prato e 500 calorias de sorvete em outro, as frutas pesariam cerca de cinco vezes mais. Não devemos contar apenas as calorias, mas a quantidade de comida. Se você comer todas essas bananas, ficará saciado por muito mais tempo. Se optar pelo sorvete, uma hora depois sentirá fome. Nos alimentos, o peso, o teor de fibras, a consistência e outros fatores importam.”

Ao treinar jiu-jítsu, o praticante ganha algumas vantagens para enfrentar tal problema. Além da tal da força de vontade para vencer a compulsão em comer – e escolher facilmente entre a saudável banana e o vilão sorvete, ainda mais a poucas horas do treininho, quem pratica a arte sabe melhor do que ninguém que precisa estar leve e ágil para aturar um companheiro de treinos no cem-quilos.

Na teoria, o jiu-jítsu também é vital. Quem treina passa a perceber, logo nas primeiras semanas, o papel crucial de se planejar, preparar, agir com antecedência para sanar os problemas futuros.

Se eu não lavar o quimono agora, não terei o traje seco para mais tarde. Se eu não comprar o açaí e o mel, não poderei lanchar de modo saudável. Se eu não rever em vídeo ou ler o que anotei sobre a defesa do armlock ontem, hoje eu vou ter meu braço esticado por aquele faixa-marrom em segundos.

Mantenha o saco de batatas fritas longe da sua cozinha, mantenha o quimono sempre limpo por perto, e seja mais feliz e saudável.