No domingo, 7 de agosto, a comunidade do Jiu-Jitsu acordou sem chão, com a morte brutal do simpático e vencedor Leandro Lo, um faixa-preta que conquistou medalhas e amigos na mesma medida.
Em entrevista ao apresentador e jornalista brasileiro Pedro Bial, o mestre Rickson Gracie havia ministrado uma aula sobre a perda, o luto e a saudade, quando contou do falecimento do filho Rockson, em dezembro de 2000.
Ambos com a voz embargada, Rickson e Bial conversaram sobre a arte de seguir a vida após uma perda trágica. O Gracie então ensinou:
“Foi definitivamente a maior derrota da minha vida”, afirmou Rickson. “Perder meu filho Rockson me ofereceu depois uma luz diferente e a capacidade de recuperar minha felicidade. Quando você perde uma pessoa muito importante, você morre junto.”
De acordo com Rickson, a morte de um ente querido afasta qualquer possibilidade de ser racional, de enfrentar o fato com retidão moral e com equilíbrio. Afinal, seu coração está em frangalhos e destruído.
“Hoje, contudo, eu penso no Rockson e não choro. Eu penso no Rockson e rio. Porque ele me deixou grandes mensagens sobre a vida”, lembra o pai. “Eu vivi um luto muito grande por cerca de cinco anos, sem vontade de lutar e treinar. Foi a época em que precisei cancelar uma luta de milhões de dólares com Sakuraba. Um determinado dia, quando eu estava meditando no meu jardim na Califórnia, lembrei de um conselho antigo do meu pai, Helio Gracie. Ele dizia que nada, em toda a vida, é totalmente ruim, nem nada é totalmente bom. E me pus a tentar encontrar o que poderia ser infimamente positivo na partida de Rockson.”
Demorou, mas o mestre então aprendeu que lição poderia tirar da saudade.
“Dentro das minhas reflexões, reparei que antes da partida do meu filho eu tinha uma vida boa, família perfeita, status, saúde e dinheiro, e por isso achava que eu era o dono do mundo. Sempre que acontecia algum imprevisto ou alguém me ligava, eu pedia um tempo, ia surfar e depois eu decidia como resolver. Com a partida do Rockson aprendi que eu não era dono do meu tempo.”
A partir daquela reflexão, portanto, o mestre Rickson jamais deixou nada para amanhã. O que uma de suas filhas ou seus amigos precisassem dele, fosse uma conversa por telefone ou um pedido, se tornavam imediatamente uma prioridade, e o supérfluo passava a ser adiado.
“Até aquele momento, eu nunca tinha dado valor ao tempo, sempre achei que poderia deixar para falar com meu filho amanhã, deixar uma viagem ou uma aula para depois, que o tempo era só uma questão de adaptação na minha agenda. Deixei de fazer muitas coisas achando que teria outras chances. Com a partida do Rockson, entendi que não existe o amanhã.”
Comentários
So true. My (many) losses of loved once teached me also: their is no „later“ or how you say: tomorrow. Life happens right now. So let‘s use our time and not waste it. Its valuable!
God bless you brother! And thank you for sharing. May you continue to have peace and joy when you remember your boy.
Motivates me to be a better dad.